Um pouco da nossa História


A Freguesia da Conceição, situa-se na parte norte da cidade da Horta, ocupando uma superfície de total de 2,74 km2, com 1157 habitantes (números do Censo de 2001). Esta Freguesia divide-se topograficamente em duas partes: A parte alta, uma área rural a juzante da Ribeira do Vales dos Flamengos; e a parte baixa, onde se situa a sede da Freguesia e parte do núcleo urbano da cidade.
Segundo se pode ler em vários trabalhos publicados terá sido o nobre flamengo Joss Van Aard (aportuguesado é José da Terra, nome que se adulterou para Jorge da Terra), “… que fez assento junto à ribeira, hoje denominada Ribeira da Conceição, em virtude da ermida desta invocação que ele ali edificou”, portanto, foi este flamengo o fundador da primitiva ermida de Nossa Senhora da Conceição.
Aqui cultivou as terras, plantando árvores de fruto nas margens da ribeira e na encosta do promontório, a que os flamengos chamaram de Espalamaca.
Um século após o início do povoamento, segundo uma provisão de aumento de côngruas passada por D. Sebastião, em 30 de Julho de 1568, existiam no Faial apenas as seguintes Freguesias: São Salvador (Matriz), com 100 a 200 fogos; Feteira, Castelo Branco, Praia do Norte, Praia do Almoxarife e Flamengos, com menos de 100 fogos.
A Freguesia de Nossa Senhora da Conceição aparece descrita como constituída em 30 de Julho de 1568.
Segundo Frei Diogo de Chagas, nos seus escritos “Espelho Cristalino”, página 478, refere que em 1643 a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição tinha 594 habitantes distribuídos por 161 fogos.
A Freguesia de Nossa Senhora da Conceição foi a segunda da cidade, depois da Matriz do Santíssimo Salvador e só em 1684 é que foi constituída a Freguesia de Nossa Senhora das Angústias.
Segundo Gaspar Frutuoso, A Igreja de Nossa Senhora da Conceição, tinha 3 naves com 5 colunas de cada lado e uma capela na ala direita. Em 1589, é saqueada por corsários ingleses. Em Outubro de 1597, é novamente saqueada e desta vez incendiada. Frei Diogo de Chagas diz que a sua reedificação começou em 1607, ficando a igreja com “mais perfeição do que era antes”. É novamente reconstruída em 1749, sob a direcção do Padre Teodósio Ferreira de Melo. Em 31 de Agosto de 1926, sofreu esta Freguesia e, por arrastamento, toda a cidade, um violente sismo. A maior parte das habitações entrou em derrocada, inclusive a então Igreja Paroquial. É novamente reconstruída em 1933, com dimensões mais modestas em estilo “Arte Deco”.
O Art Deco é caracterizado por um eclético estilo de design que se desenvolveu no início do século.
Na parte baixa da Freguesia, foram construídos o Forte do Bom Jesus e o Forte da Alagoa, ambas fortificações infelizmente desaparecidas.
Em Julho de 1621 o desembargador Correia Borga, autorizou a construção do Forte da Alagoa.
No ano de 1821, o Forte do Bom Jesus é descrito como tendo alguma artilharia e a precisar de reparos e o Forte da Alagoa estava quase abandonado. A partir de 1858 o Forte do Bom Jesus é utilizado como cadeia da Comarca.
Em 1868, é aberto o troço de estrada que passa pela Ermida de Santo Amaro até aos Flamengos.
A 23 de Agosto de 1893, é festejado oficialmente a amarração do 1º. Cabo Telegráfico Submarino, na Praia da Conceição (ou Praia da Alagoa). Era o início da “Era das Companhias dos Cabos”.
Na sede de Freguesia, residiu o Comendador António José Vieira Santa Rita, Governador Civil do ex-Distrito da Horta.
No Palacete do Barão da Ribeirinha, Vitoriano da Rosa Martins, situado na altura no Largo da Igreja Paroquial, funcionou provisoriamente o Liceu da Horta.
De lembrar, que foi na Freguesia da Conceição que se situou o primitivo edifício da Casa da Câmara e Cadeia (1498), que se situava na Rua do Bom Jesus, nº. 16. A 5 de Novembro de 1632, o pequeno edifício foi considerado incapaz pelo corregedor dos Açores Fernando Gomes Massam. Em 1926 existiam dela somente as paredes, que o violento sismo de 31 de Agosto derrubou.
Gaspar Frutuoso, diz ainda e referindo-se à Ribeira da Conceição, que “em dias de forte precipitação, o caudal da ribeira vem de enxurrada e transborda, dificultando a passagem para o centro da Vila”. Acrescenta ainda que “com o ímpeto das águas da ribeira, se moíam moinhos de água”, de modo que uma construção de uma ponte foi uma necessidade que desde logo se impôs.
Na segunda metade do século XIX, tem início a construção de uma nova ponte, rudimentar e estreita, ao nível da rua e assente em 4 vãos. Depois são construídos os muros limitadores da ribeira.
Na margem da ribeira, um pouco acima do sítio do mirante, funcionou o Matadouro Municipal num diminuto recinto de velhas paredes enegrecidas e sem condições. Durante o verão, em virtude de não haver água corrente na ribeira, era transferido para o lugar das Pedras dos Frades.
Em 1900, é construído um novo edifício na Alagoa.
Do seu património edificado, mencionando o existente na parte baixa da Freguesia, destaca-se a actual Igreja de Nossa Senhora da Conceição, ao conjunto dos três edifícios recentes do lado oeste da Igreja, nomeadamente a Sede da Junta de Freguesia, o Centro Paroquial da Conceição e a Sede da Sociedade Filarmónica Artista Faialense, fundada em 21 de Fevereiro de 1858.
Logo ao lado, encontramos o complexo desportivo do Fayal Sport Clube, com o seu estádio de piso sintético, sendo o primeiro clube de futebol dos Açores e o 5º clube a ser fundado em Portugal.
Mais recente e na rotunda da avenida, encontramos o edifício que alberga o Tribunal da Horta, além de outros serviços que funcionam no mesmo.
Junto à foz da ribeira, podemos desfrutar da bela Praia da Conceição assim como do seu belo parque de lazer, tendo ainda ao lado as piscinas municipais cobertas e com água quente.
Qualquer um destes privilegiados, sobretudo no verão, para quem gosta de passar o dia na praia e a noite ao ar livre.
Monumentos que se destacam nesta Freguesia são muitos e variados mas os mais marcantes são sobretudo os de cariz religioso.
E é de facto importante realçarmos estes monumentos, marcos históricos de muitas décadas, que chegaram até hoje, apesar de todos os colapsos passados ao longo dos tempos.
Subindo até ao alto da Freguesia, encontramos num miradouro natural, voltado para a cidade da Horta, a Ermida do Pilar, fundada inicialmente em
1701 pelo Padre Filipe Furtado de Mendonça, onde pediu para ser sepultado.
Foi destruída num incêndio e reconstruída em 1729. Possui na sua fachada o brasão real da coroa portuguesa.
Também situada próxima dos “Casais do Farrobo”, segundo Gaspar Frutuoso, foi mandada erguer por promessa de Braz Pereira Sarmento, a Ermida de Santo Amaro.
No século XIX, era no Bairro de Santo Amaro, onde residiam a maior parte dos padeiros que forneciam o pão à cidade.
Uma obra que durante muitos anos prestou um serviço humanitário ao Faial, foi a Obra do Padre Américo, inaugurada a 28 de Setembro de 1969. A Casa do Gaiato, acolheu, educou e integrou socialmente crianças e jovens, que por qualquer motivo ficaram privadas do meio familiar normal. Durante 30 anos, prestou um serviço de grande mérito sob o cuidado do Padre Raul de Jesus.
Partindo mais para o alto, não deixaremos de referir aquele que é o local de visita obrigatório nesta Freguesia. Referimo-nos ao Miradouro de Nossa Senhora da Conceição, na Espalamaca.
Implantado com uma bela vista sobre a cidade da Horta e arredores, deste miradouro poderá contemplar as Ilhas do Pico, São Jorge e até mesmo a Graciosa.
Além disso poderá observar a bela imagem de Nossa Senhora da Conceição, em mármore, com cerca de 3 metros de altura, pesando cerca de 4 toneladas, junto a uma cruz com 28,65 metros de altura.
Este monumento, inaugurado em 13 de Maio de 1962, naquela data apenas com
18 metros, foi derrubado por um violento temporal de 6 para 7 de Novembro de 1969.
A construção da nova cruz foi concluída em 27 de Setembro de 1972.
Ainda na Lomba da Espalamaca, podem ver-se os três moinhos, construções do século XIX e XX, apresentando características marcantes de influência Flamenga.
São 3 moinhos giratórios de 2 pisos, assentes em bases tronco cónicas, construídas em alvenaria de pedra consolidada com argamassa. Sobre estas bases assentam as estruturas moveis, de madeira, com coberturas cónicas revestidas a zinco, de onde emergem os mastros que suportam a estrutura do velame, em 2 casos de velas de grades e no outro de velas triangulares. As escadas em acesso de madeira, que servem também de lemes, estão ligadas aos corpos giratórios através de pequenos balcões.
Rara será a Freguesia que no seu património histórico não tem Impérios do Divino Espírito Santo.
Felizmente são vários os existentes e alguns com raízes profundas na comunidade local.
Falemos nos Impérios da Estrada da Caldeira e da Lomba do Pilar (vulgo Facho), com sedes e Capelas de Coroa próprias, Império de Santo Amaro, Império da Volta, Império da Rua da Conceição (recentemente reactivado) além de outros que apenas estão adormecidos, aparecendo a qualquer altura.
Ao longo dos anos, a Freguesia da Conceição tem crescido e desenvolvido de uma forma bastante positiva.
Verifica-se um crescimentos bastante quantitativo, quer a nível habitacional, com a implantação de modernas moradias e recuperação de outras, sobretudo na parte alta da Freguesia, quer ainda a nível comercial, com um crescimento bastante razoável, na instalação de novos estabelecimentos comerciais espalhados um pouco por toda a Freguesia.
A Freguesia da Conceição dispõe de Industria de Serração de Madeiras e Carpintaria; Industria de Blocos para Construção Civil; Oficinas de Mecânica e Pintura de Automóveis; Comercialização de Floricultura; Restauração; Snack-bares; Cafés; Minimercados; Ginásios; Lojas de Calçado; Pronto-a-vestir; Design e Publicidade; Música, Papelaria e Mobiliários de Escritório; Relojoaria; Bijutaria; Ervanária e Produtos Naturais; Contabilidade e Seguros; Agentes Transitários; Cabeleireiros; Esteticistas e Posto de Combustível.
No campo desportivo de referir o Fayal Sport Club, escola de formação desportiva de muitas centenas de jovens e crianças da nossa Freguesia e de uma maneira generalizada, de toda a ilha do Faial.
No campo cultural de referir o trabalho da Sociedade Filarmónica Artista Faialense, escola velhinha de formação musical para todos quantos queiram abraçar esta arte, implantada na Freguesia.
Ainda dois grupos nascidos na Freguesia são o Grupo de Musica Popular e Tradicional Portuguesa “Maresia” e a Banda “Feedback”.
No campo associativista existe o Agrupamento 1064 do Corpo Nacional de Escutas-Escutismo Católico, filiado em 22 de Maio de 1995 e o Grupo 45 da Associação de Escoteiros de Portugal, formado recentemente e com sede na Freguesia.

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